AS PERGUNTAS MAIS FREQUENTES SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
1- O que é a Avaliação Neuropsicológica?
A Avaliação Neuropsicológica, em geral, compreende ao menos três etapas: (1) Revisão do histórico médico, pessoal, acadêmico, profissional e sócio-ocupacional do paciente (além de outros registros disponíveis), (2) Entrevista dirigida e estruturada com o paciente e seu(s) acompanhante(s) e (3) Aplicação de escalas, questionários, índices, testes e protocolos específicos para investigação cognitiva, comportamental e funcional. Por meio destas três componentes, o Neuropsicólogo correlacionará os dados alcançados a fim de documentar os achados em formato de laudo ou relatório. Tal parecer, via de regra, deve ser composto no conjunto entre as queixas inicialmente apresentadas, dados da coleta de informações (fundamentais e complementares), ponderação quantitativa e qualitativa de desempenho nas ferramentas utilizadas e raciocínio clínico (desfecho diagnóstico), considerações finais e recomendações de acompanhamento.
2- Por que eu preciso de uma Avaliação Neuropsicológica?
Na maioria das vezes, a Avaliação Neuropsicológica é solicitada por outros profissionais da área da saúde (incluindo educadores) que têm no profissional de Neuropsicologia um colega com olhar especializado em relação à investigação criteriosa e pormenorizada das funções cognitivas. Apesar de menos comum, em algumas ocasiões, quando uma pessoa conhece o trabalho do Neuropsicólogo mas ainda não é acompanhado por um neurologista, psiquiatra, geriatra, pediatra ou outro profissional de áreas multidisciplinares afins, este irá espontaneamente agendar uma avaliação e em seguida seguirá as orientações do Neuropsicólogo (o que pode incluir procurar um médico especializado). Algumas das motivações para que uma pessoa seja submetida à Avaliação Neuropsicológica são: distúrbios do desenvolvimento (prejuizo, dificuldade ou atraso), transtornos afetivos-emocionais (humor deprimido, ansiedade, TOC e inadequação do comportamento adaptativo), déficit de atenção e problemas de aprendizagem, esquecimentos crônicos, sequelas pós eventos mecânicos ou traumáticos (acidente vascular cerebral e estresse pós-traumático), processos pré e pós cirúrgicos, diminuição da capacidade cognitiva e/ou funcional devido a condições médicas variadas, efeitos medicamentosos, efeito tardio de outros tratamentos, além de check-ups e outras condições.
3- Quais domínios cognitivos a Avaliação Neuropsicológica abrange?
É praxe do processo de Avaliação Neuropsicológica que se avalie apropriadamente as funções que correspondem às queixas trazidas pelo paciente (familiares e/ou terceiros), além de outras que confirmem e/ou refutem as impressões iniciais. De um modo geral, compõem o espectro cognitivo as seguiintes funções e suas modularidades: material intelectual, lateralidade, consciência, percepção, nível de alerta - vigilância, processo atencional (incluindo amplitude), memória e aprendizagem, linguagem, capacidades motoras e sensitivas, habilidades visoespaciais, organização, planejamento, estimativa, implantação de estratégia, conceituação, abstração, construção, escrita, leitura, cálculo, raciocínio e velocidade de processamento, dentre outros domínios. Dependendo da natureza da avaliação e das queixas apresentadas, o protocolo poderá privilegiar determinadas funções em detrimento de outras.
4- Quem eu irei encontrar quando for à consulta de Avaliação Neuropsicológica?
Um Neuropsicólogo! Apesar de parecer óbvio, diferentemente de alguns outros países, no Brasil o responsável pela Avaliação Neuropsicólogica é um Psicólogo certificado por seu Conselho Regional de Psicologia (CRP). Curiosamente, nos países da América do Norte é comum o paciente deparar-se com "técnicos psicometristas" (assistentes que auxiliam na aplicação dos testes). Entretanto, no caso do Brasil é importante atentar-se para o fato que o único profissional, com direitos e deveres guardados por lei, para conduzir uma investigação neuropsicológica é o Psicólogo licenciado em Neuropsicologia. Havendo a necessidade, o Neuropsicólogo poderá solicitar (sugerir informalmente) uma interconsulta com outro profissional mais especializado em outras áreas, como por exemplo alguém da Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição, Psicopedagogia ou outra especialidade. Portanto, além do Neuropsicólogo, você somente irá conhecer pessoalmente as simpáticas secretárias que agendaram e explicaram sobre sua avaliação.
5- Como funciona uma Avaliação Neuropsicológica?
O atendimento realizado na Avaliação Neuropsicológica lembra muito aquele de um ambiente de consultório médico ou psicológico. A sala, preferencialmente, deve ser bem iluminada e o ruído sonoro contido da porta e janela para fora. Crianças devem estar sempre acompanhadas de um adulto responsável e, para os outros acompanhantes que não quiserem permanecer na sala toda a consulta, após fornecer as informações ao Neuropsicólogo, o mesmo poderá aguardar em outro local até o final do atendimento. O fato é que, para qualquer idade é compulsório que o paciente esteja acompanhado de um "bom" informante que conviva com ele no dia a dia. A maioria dos testes funciona a base de papel e lápis. Para alguns, materiais mais elaborados e até mesmo computadores portáteis poderão ser utilizados. A avaliação não é uma prova! O paciente não será reprovado caso venha a se sair mal. O processo neuropsicológico, diferentemente disso, busca identificar tão somente o padrão de funcionamento cognitivo da pessoa, descrevendo assim seu perfil neuropsicológico (cognitivo, comportamental e funcional).
6- Quanto tempo dura a Avaliação Neuropsicológica?
A duração da avaliação dependerá, dentre outros fatores, da velocidade em que os testes forem sendo realizados. Em geral, uma boa Avaliação Neuropsicológica não necessita de mais de duas horas (incluindo entrevista e aplicação dos testes). Alguns profissionais dividem esse tempo em duas, três ou mais sessões (o que em geral aumenta o custo da avaliação). Outros preferem privar o paciente de recorrentes ausências na escola, na faculdade, no trabalho ou em outras atividades ocupacionais, iniciando e terminando a avaliação no mesmo dia e, em outro horário, elaborando o relatório a ser entregue dentro de uma semana (em média). Para cada faixa etária e para cada hipótese diagnóstica existem protocolos neuropsicológicos específicos e normatizados, não havendo necessidade do profissional aplicar todos os testes que possui em seu consultório, até porque existem dúzias e dúzias (quiça uma centena) de diferentes testes neuropsicológicos para diferentes situações. Durante a testagem o paciente pode cansar e portanto precisar de um intervalo. É sempre recomendável que o paciente venha à consulta bem disposto e devidamente alimentado. Certificando-se de ter uma boa noite de sono na véspera da avaliação, não deixando de tomar seus medicamentos (a menos que o médico tenha dito o contrário) e levando consigo todos os exames recém realizados. Se fizer uso de óculos e/ou prótese auditiva, atentar-se de levá-los consigo à consulta.
7- E o que acontece comigo depois de ser avaliado?
Os dados da Avaliação Neuropsicológica, incluindo os resultados nos testes serão revisados, ponderados, analisados e convertidos em impressões clínicas. Em seguida, estas interpretações serão confeccionadas em formato de laudo e o paciente (ou seu responsável) será convidado a retirá-lo e levá-lo junto com os outros exames para quem solicitou a avaliação. Costumeiramente, uma reavaliação se faz necessária (entre seis e doze meses após a avaliação de base) para que sejam feitas comparações com a primeira avaliação e análises da eficácia do acompanhamento (tratamento) adotado. No mais, a vida segue normalmente e ocasionalmente o responsável por solicitar a avaliação pedirá para que o paciente retorne ao seu consultório para monitorar a evolução do quadro. Quanto à avaliação com o Neuropsicólogo, isso ocorrerá somente em um intervalo mais espaçado. Ainda assim, a qualquer momento o médico (o mesmo vale para o paciente) poderá fazer contato com o Neuropsicólogo para discutir o efeito das intervenções adotadas, a evolução do quadro e aspectos referentes ao acompanhamento que está em andamento.